Substituição não é transformação

A simples substituição de estruturas e métodos antigos pelos mais novos e badalados acaba por distrair as pessoas daquilo que é mais difícil e necessário em um transformação.

Recentemente, um dos experimentos que estou envolvido iria entrar em um estágio repleto de desafios relacionados a riscos, controle de danos, potenciais crises, adaptabilidade, e outros aspectos. Quando questionado sobre o perfil de liderança que eu recomendava para assumi-lo, eu sugeri alguém com bastante experiência em gestão de projeto (sim, projeto), fundamentos de produto digital (o experimento faz parte de um produto digital) e fosse pouco político hierarquicamente (ou seja, desobediente), dentre outras habilidades. A reação foi de surpresa, afinal muitos ali acreditavam que habilidades para gestão de projeto tinham ficado no passado e deveriam ser evitadas.

As dicotomias “waterfall vs agile”, “projetos vs produtos”, “chefe vs líder”, “KPI vs OKR”, “indivíduos vs squads” etc … falam bastante sobre como a transformação acontece – ou deixa de acontecer – em muitas organizações.

Substituição não é transformação. Destruir ou remover algo para colocar outra coisa no lugar, não é transformação. Mas transformação também não é sobre juntar coisas de forma incoerente, para ser político ou para facilitar o trabalho, e chamar de “solução híbrida”. Uma cidade em contínua transformação, por exemplo, não precisa derrubar os prédios antigos porque, afinal, agora há design e materiais bem mais modernos. Mas também não basta enfileirar novos prédios ao lado dos antigos. Transformação é sobre criar coerência entre o que é necessário ou importante (“novo” e “velho”) para responder a um novo contexto disposto (espaço e tempo). Esse, na minha opinião, é o verdadeiro desafio intelectual e operacional do nosso trabalho.

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