Agilidade é um caminho sem volta para as organizações, já que a cada dia está mais evidente que ser ágil não é apenas um luxo, moda, ou capricho, mas sim uma questão de sobrevivência. Não à toa, as empresas que mais crescem e que mais rapidamente se adaptam às novas condições do mercado registraram nos últimos anos um forte investimento para se tornarem mais ágeis — e não apenas no desenvolvimento de produtos, mas também nos seus negócios, estratégias, e na organização como um todo.
Afinal, o que é agilidade?
Agilidade, como conceito, está diretamente relacionado à capacidade que uma empresa tem em responder rapidamente às novas condições impostas pelo mercado, com o mínimo de sofrimento possível. Tal característica se mostra essencial em tempos de transformação digital, visto que novas condições e oportunidades emergem continuamente com o avanço da tecnologia.
Nessa linha, o período de pandemia mostrou que, infelizmente, muitas empresas que se auto intitulavam ágeis enfrentaram uma enorme dificuldade para se adaptar ao trabalho remoto, às novas condições emocionais dos seus colaboradores e, não menos importante, a uma dramática mudança de comportamento do consumidor.
Isso aconteceu, e ainda acontece, pelo fato de muitas empresas relacionarem o ato de ser ágil à pura implantação de uma empacotada e previsível nova forma de trabalho. Tal comportamento fez com que, ao longo dos últimos anos, o mercado de agilidade tenha se transformado em uma prateleira de modelos, métodos, práticas, certificações e afins, que não para de crescer.
Se no início do movimento, os praticantes de agilidade resolviam seus problemas a partir da experimentação e recombinação de práticas, muitos dos praticantes de hoje apenas selecionam “caixinhas” com um método ágil pré-fabricado e fórmulas prontas, e os implanta muitas vezes de forma impositiva.
Nessa linha, em muitas empresas, o investimento tem se transformado em enorme consumo de energia na implantação de práticas como squad, daily meeting, backlog e kanban, que muitas vezes não resultam em nada de novo e não pagam a conta. Uma conta que, diga-se de passagem, muitos não fazem e nem querem fazer.
Há uma saída para essa “confusão ágil” na qual muitas empresas se meteram?
Dave Snowden, conhecido por ter criado a famosa estrutura de tomada de decisão Cynefin, mas que também esteve envolvido na criação de um dos primeiros métodos ágeis, o DSDM (Dynamic System Development Methods), aponta que o caminho seria o rebalanceamento do ecossistema da agilidade.
Para isso, segundo Snowden, as empresas deveriam se afastar dos “pacotes prontos” e, principalmente, dos frameworks de larga escala, e iniciar um trabalho consciente com multi-métodos.
Na prática, isso significa que empresas que estão em busca de mais agilidade para, por exemplo, apoiar a sua transformação digital, ou mesmo organizacional, deveriam construir de forma consciente seus próprios modelos a partir da decomposição dos métodos existentes e recombinação de suas práticas de forma alinhada ao seu contexto, e não simplesmente implantar métodos prontos ou copia-los de outras empresas.
A questão de partir do contexto se torna realmente decisiva quando percebemos que empresas ícones de agilidade, como Amazon, Microsoft, Netflix, Spotify, Magalu, entre outras, partiram do seu contexto e criaram (e continuam evoluindo) sua própria forma ágil de trabalho.
Por mais que muitas outras empresas também estejam misturando métodos e práticas, e criando seus modelos, elas o fazem na maioria das vezes por impulso e não de forma consciente. Elas sentem uma dificuldade em aplicar uma prática ou método “a” e então decidem remove-la, ou ainda adicionam no lugar uma outra prática “z”. Porém, fazem isso sem uma percepção clara de “Por que sentimos essa dificuldade ou incômodo com a prática “a”?”, “O que perdemos ao remove-la?”, “Quais os possíveis efeitos colaterais?”, “O que buscamos com a prática “z”?”, “Quais as outras opções?”, “Esta escolha está sendo feita por necessidade de contexto ou por minha preferência?”, dentre outros importantes pontos a serem considerados.
No início de 2021, Snowden realizou um programa internacional chamado “Rewilding Agile” para explorar esse tema mais a fundo. O programa reuniu um grupo bastante experiente em agilidade em escala organizacional, incluindo profissionais com passagem por empresas como Spotify, Lego, ING Bank, Crisp, e outros.
Esse grupo discutiu diversos aspectos que têm limitado o resultado da agilidade nas empresas e, a partir das ideias e teorias compartilhadas por Dave Snowden, recombinaram práticas alinhando-as aos contextos, o que culminou em um conjunto de propostas originais para rebalancear nossas próprias iniciativas de agilidade.
Rewilding Agile no Brasil
Reconhecendo a urgência deste programa para os diversos desafios enfrentados pelas empresas brasileiras em transformação digital, procuro garantir para que esse programa aconteça com alguma frequência aqui no Brasil.
A ideia é desbravar um caminho alternativo para a agilidade nas organizações, significando e desafiando o estado atual das iniciativas em nosso país. Buscamos um rebalanceamento contextualizado de métodos e teorias, algo que destrave tais iniciativas para que elas verdadeiramente apoiem a inovação e crescimento dos negócios digitais brasileiros.
Se você está em busca de um novo caminho para agilidade na sua empresa e acredita ser um bom integrante para esse grupo, veja a próxima data deste programa no Brasil. Ele é ideal para executivos que patrocinam iniciativas de agilidade nas organizações e agilistas experientes que lideram ou participam de tais iniciativas.